Prezado Sr. Daniel,
Certa feita disseram à Madre Tereza: “Madre, os alimentos que a senhora distribui para essas pessoas, às transformam em pessoas acomodadas, a senhora deveria dar-lhes empregos e não ser conivente com a preguiça.” Certamente que abismada, porém, serena, ela retrucou: “Meu filho, as pessoas que eu alimento estão tão desnutridas, que se eu lhes der o meio de trabalho, eles mau conseguirão ficar em pé, por isso eu dou o alimento primeiro para que eles tenham forças para trabalhar.”
Entendo o seu posicionamento Daniel, quando o senhor diz que mendigos são pessoas que não querem trabalhar e por isso vão para as ruas viver de esmolas. Contudo, permita-me discordar.
O que leva uma pessoa às ruas são situações muito delicadas que eu já tive a oportunidade de conhecer de perto algumas, em trabalhos de assistência a moradores de rua, e posso afirmar que eles estão precisando mais de oportunidades do que de esmolas.
Grande parte das pessoas que tive a oportunidade de conhecer, jovens e adultos, estão nas ruas por desavenças familiares, e por acharem (inocentemente) que as ruas iriam acolher-lhes de uma forma melhor do que o lar se aventuraram em um caminho incerto, que mais tarde descobriram não ser àquilo que esperavam. Quando tentam voltar novamente ao convívio social, a sociedade os taxa como indigentes, mendigos, vagabundos.
Um grande pré-conceito ou conceito, passa então a cair sobre os moradores de ruas e mesmo que tentem sair da situação que se encontram, a sociedade não lhes permite isso de forma fácil. Jogados a mercê das tribulações das ruas, sem auxilio governamental, passam a viver uma vida deplorável, infelizmente.
Seres humanos desavisados, inocentes quanto às malícias das ruas. E o senhor poderá dizer: “Mas eles foram para às ruas por vontade própria”. Sim, realmente foram por vontade própria, mas não esperavam cair nessa situação, por tanto eram apenas crianças conhecendo o mundo, e hoje querem desprover dos direitos humanos atribuídos à cada cidadão, mas para eles, esses direitos nem se quer existem.
Cordialmente,
Vinicius Silva Pereira
Nota: * O personagem Daniel, é fictício, mas o exemplo é real.